14 de março - nascimento do Pe Dehon
O início foi assim ... era um 14 de março, de uma terça-feira da segunda semana da quaresma do ano de 1843, quando, na pequena La Capelle, Júlio Alexandre Dehon e Adele Estefânia (Fanny) Belzamine Vandelet, recebiam em seus braços um menino (Leão Dehon) ... naquela família em festa, nascia mais um filho da França, nascia mais um santo para a Igreja ... um dia todos o saberiam!
Mas o que nos faz, ainda hoje, comemorar aquele nascimento em tempo tão remoto? O que aquela criança tinha de tão especial, que merecesse nossa atenção hoje, em 2018? O fato de não ter se prendido ao que o dinheiro poderia lhe dar (afinal era de uma família abastada)? O fato de ter sido advogado, sociólogo, teólogo, escritor, conferencista, criador de semanas sociais e de sindicatos patronais e de operários, educador, sacerdote e fundador de congregação? Apesar de todos estes serem frutos maravilhosos, onde com certeza o dom se manifestou, aquela pequena criança (que se tornou um jovem cheio de idealismo, que se transformou em homem audaz e inquieto e chegou a velhice com os frutos da maturidade humana e espiritual) será lembrada por ser o frágil instrumento que portou para a Igreja um dom do Espírito, que podemos chamar de oblação-reparadora ... será lembrado porque viveu uma vida reparadora (que vem a ser o fim específico da espiritualidade dehoniana).
Mas que significa tal coisa? Dehon, em sua relação com Deus, percebe que a origem dos males pessoais e sociais está no pecado, que para ele é a recusa ao amor de Deus (o amor não é amado!). Ele conscientemente quis se unir a Jesus em sua entrega ao Pai (oblação) em favor dos homens (reparação), de tal forma que o amor de Deus encontrasse eco e correspondência no coração humano. Sim, para ele, uma vida reparadora era uma vida de acolhida do Espírito (experiência do ser amado por Deus), que levaria a uma resposta ao amor de Cristo por nós (amar como Jesus), numa colaboração/incorporação na obra redentora de Cristo no mundo, através do apostolado/ação transformadora, da vida eucarística, da escuta à Palavra, da vida fraterna. Eis o dom que produziu tantos frutos na vida de Dehon!
Ele nos mostrou que seres frágeis (como nós) quando se entregam a ação do Espírito, quando se põem a seguir os passos de Jesus, se transformam em instrumentos da salvação de Cristo, de transformação do coração do homem e da sociedade ... se tornam santos, filhos de Deus, irmanados no mundo! Como poderíamos nos esquecer de alguém assim?
(Vicente Bruno Cavalcanti de Oliveira - LD Méier)