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Entrevista: Como a inovação acontece nos grandes grupos educacionais? | Rafael Ávila

16/03/2019 às 22:40
Paola Cicarelli
@paola | Educação para a Felicidade
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Rafael Ávila, diretor de Inovação do Instituto Ânima, começou sua trajetória docente nas escolas do grupo em 2004, como professor da área de relações internacionais e conta que sua carreira teve uma grande virada quando em 2010 percebeu que o modelo que usava para lecionar não estava atingindo os alunos da forma que atingia antes.



Ouça também esta entrevista em podcast: clique aqui



"Havia uma ilusão de que eu era eficiente no processo de ensino, mas isso não se refletia no processo de aprendizagem e foi nessa época que eu comecei a tentar inventar, fazer umas coisas diferentes em aula. Atividades de simulação, que é uma coisa muito comum nas relações internacionais, uso de jogos como ferramenta pedagógica. Então eu fui tentando de alguma forma criar estratégias diferentes e abordagens diferentes para fazer com que meus alunos aprendessem mais e resgatar essa vontade de estar na escola. Com isso eu me tornei um crítico ao modelo "lecture" (de palestra), totalmente unidirecional e passivo e comecei a escancarar isso e comentar em todos os cantos da Ânima, até que eu recebi um convite no ano de 2013 para compor uma área que eles estavam criando, que era uma área de inovação" diz Rafael.


Objetivo da área de inovação da Ânima não era apenas inovar com ferramentas e metodologias, mas sim mudar o paradigma da educação dentro do grupo.



Assista também: Como Inovar na Educação Superior | Case Uniamérica



Desafios de inovar em um dos maiores grupos educacionais do Brasil


Segundo Rafael, para inovar em um grupo do tamanho da Ânima, é preciso fazer um movimento que mantenha a qualidade da atuação como professor, mas que permita a escala. Muitos professores inovam dentro das salas de aula, o que permite que o professor tenha autonomia, mas por outro lado, este modelo não permite replicar aquilo o que é feito de positivo. O desafio que as escolas têm é identificar como as boas práticas são estruturadas, quais os indicadores de qualidade e como podem ser escaladas, compartilhadas e mensuradas? "


O desafio de inovar, não apenas na sala de aula, mas em um conjunto maior, exige método e formação de pessoas. "O grande desafio que a gente teve nesses últimos anos foi mostrar para as pessoas que é possível inovar, é possível inovar em escala mantendo a qualidade e é possível que a gente traga exemplo de outros colegas, de outros professores e trabalhe em cima disso co-construindo nosso modelo de inovação."


Para Rafael, um grande erro na inovação é querer utilizar modelos prontos, que foram criados para a realidade de outras escolas: "Isso não faz sentido, a inovação é construída com todos os atores dentro da escola."



Para inovar, o grupo Ânima trabalha à partir de cinco grandes pilares:


1- Mudança do mindset do professor.

2- Ter um objetivo muito claro do que se quer inovar.

3- Mudanças na estrutura curricular.

4- Inserção de Tecnologia (Não como um fim em si mesma, mas como algo que ajude a criar trajetórias).

5- Mudança dos espaços de aprendizagem físicos e virtuais.



Uma das grandes inovações do grupo foi o chamado Projeto de Vida e Carreira: "O Projeto de Vida era uma forma da gente encontrar quem é o aluno, o que ele sabe, como ele aprende, o que ele deseja, de forma a possibilitar uma personalização da trajetória dele com a gente, ao mesmo tempo que a gente desenvolvia habilidades socioemocionais." Para isso, desenharam todas as atividades no papel, encontraram um parceiro, desenvolveram jogos e atividades online, criaram um modelo híbrido, formaram professores e foram fazer o teste.


Mas ele alerta: "Esse foi um projeto que nos levou pelo menos dois anos, dois anos e meio para sair do papel e começar a mudar significativamente, sempre com resistência de todas as partes que vocês vão imaginar, com a tecnologia falhando, com a gente tendo que ir e vir. Isso é normal no processo de inovação. Este é um processo que hoje está mais maduro na Ânima, mas as pessoas não devem se enganar, porque é um processo de cinco anos, cinco anos e meio e que muita gente que não concordava, não está mais com a gente e tantos outros projetos que a gente começou, eventualmente falharam, mas a gente sabia exatamente onde queria chegar e isso é muito importante."


Durante os primeiros anos a inovação atendeu à Vice-Presidência de Desenvolvimento Acadêmico e Inovação, uma estrutura que não existe mais, mas que foi importante para demonstrar a outras áreas que a inovação não era um privilégio de uma única área e que outras áreas também poderiam inovar. "Fazer parte de uma grande Vice-Presidência, nos ajudou a criar a cultura da inovação na Ânima."


Hoje a inovação está dentro do Instituto Ânima, que fez um movimento interessante: deixar de se preocupar única e exclusivamente com as escolas do grupo Ânima e passar a ter uma visão de que pode contribuir para a educação do Brasil.



Aprendizagem Híbrida


Em 2017 a Ânima tomou a decisão de caminhar para o modelo híbrido e não operar mais os cursos 100% online. Oferecer uma educação que trabalha as dimensões do conteúdo no online e a dimensão dos encontros significativos no presencial.


Segundo Rafael, a inovação deve acontecer aos poucos, através de pequenos testes, avaliando sempre os resultados, portanto a Ânima começou com alguns cursos, depois algumas unidades, algumas escolas e hoje isso já faz parte da grande mudança que a Ânima tem para os seus currículos.



O Futuro da Educação


Rafael diz que está consciente que o segmento de educação não pertence mais apenas às escolas e universidades. Existem muitas escolas de cursos livres inovadoras formais e informais que operam entre esses dois universos: ou 100% online ou 100% presencial. "A gente não poderia ignorar essas escolas de cursos livres, seus métodos inovadores, seus conteúdos, como essas escolas também não deveriam ignorar o que a universidade pode fazer. Afinal de contas, fazer parte da universidade é entender que a gente tem que criar senso crítico e quando a gente percebe que a gente está fazendo algo que não faz mais sentido, a gente se reinventa" para ele, tanto escolas formais, quanto as informais vão caminhar para o mesmo lugar, que é a educação híbrida com metodologias de aprendizado significativas.



Assista também: A Escola do Século 21 | Case School21



Inovação: Componente Humano


Para Rafael, já houve muita inovação tecnológica e em metodologias e o próximo passo agora é inovar no desenvolvimento do "componente humano". Ele e a Ânima, por exemplo, apostam em introduzir práticas como a Yoga no currículo, "Se a gente está trabalhando soft skills com os alunos, porque não trabalhar com skills que são mais sutis? A inteligência intuitiva, a resiliência, a capacidade de enxergar o outro? É uma disciplina inovadora, como a gente tem observado nascerem tantas outras dentro da escola. Às vezes, a inovação vai pra um caminho tecnológico, mas às vezes a gente vai por um caminho que é mais humano. Tem coisa mais antiga do que uma Yoga? E ela está super em voga, sendo um elemento de transformação nesta era que a gente tem que parar de formar humanos robotizados, porque é isso que a gente tem feito em alguns lugares, sabe?".


A Yoga na Ânima é oferecida a alunos como disciplina optativa, mas também a professores e funcionários do grupo, em BH e SP.


Rafael conta que encontrou sua cura pessoal na Yoga e que os alunos, professores e colaboradores da Ânima que já fazem regularmente a Kundalini Yoga estão se beneficiando, encontrando cada qual o seu caminho para a paz: "Acho que esse é nosso papel de educador: Evoluir e compartilhar."



Muito obrigado, Rafão, por compartilhar conosco sua experiência!


Um grande abraço,

José Moran e Paola Cicarelli



Entre em contato com Rafael Ávila: LinkedIn


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Paola Cicarelli
@paola | Educação para a Felicidade
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Jose Moran
USP
Parabéns Paola: Você fez uma boa síntese das contribuições do Rafael para inovar, primeiro como profissional e depois como parte da gestão de inovação de um grupo grande. Abraço. Moran.
19/03/2019 às 12:56